Quinta de Crestelos

Inserida numa plataforma sobranceira ao rio Sabor

e a uma pequena ribeira sua afluente (ribeira do Medal), Crestelos ocupava uma pequena elevação dominante sobre uma extensa área agrícola e florestal. Este elemento patrimonial foi identificado aquando da implementação das medidas de minimização referentes ao Património Cultural na albufeira da futura barragem do Baixo Sabor, caracterizando-se, inicialmente, pela presença de vestígios arqueológicos de superfície dispersos, ainda que por uma vasta área.

TRABALHOS

Os trabalhos arqueológicos realizados vieram acrescentar novos dados à compreensão da ocupação humana do povoado de Crestelos entre os finais da Idade do Ferro e a Idade Média. Começando pelo horizonte mais recente, é digno de nota o aparecimento de algumas estruturas, relativamente bem conservadas, aparentemente relacionadas com a ocupação medieval do sítio.

Em relação ao período romano foram igualmente identificadas estruturas que apontam para uma ocupação daquele local em duas fases: a primeira, mais recente, datará do Baixo-Império, iniciada a partir da primeira metade ou meados do século II, enquanto a segunda fase corresponderá com o período alto-imperial, balizado entre o século I e meados do século II d.C..

No que respeita à Idade do Ferro, destaca-se a identificação de um conjunto de estruturas em negativo (fossas) e a descoberta de um troço de muro, eventualmente relacionado com uma das muralhas do povoado.

Achados

Fragmentos cerâmicos da época medieval

Fragmentos cerâmicos da época medieval

Os materiais de cronologia medieval correspondem essencialmente a fragmentos de louça, típicos das produções da zona de Trás-os-Montes de entre os séculos XII e XIV. Identificaram-se algumas formas, que correspondem essencialmente a louça utilitária doméstica (potes, panelas, tigelas, talhas, pratos, entre outros), não sendo de descartar a possibilidade de alguns destes fragmentos serem, eventualmente, de cronologias mais recuadas.
Fragmentos cerâmicos da Idade do Ferro

Fragmentos cerâmicos da Idade do Ferro

No que respeita à cerâmica da Idade do Ferro, as formas identificadas correspondem essencialmente a potes e panelas de diferentes dimensões e tipologias de bordo balizados, em termos cronológicos, entre os séculos V a.C. e II a.C.. A generalidade desta louça da Idade do Ferro é lisa, de pastas variáveis entre os castanhos alaranjados, os beges e os cinzentos, com componentes plásticos de pequeno a médio calibre (micas e quartzos).